Quando eu tinha 17 anos eu fiz o que as pessoas me diziam
Fiz o que meu pai mandou, e deixei minha mãe fazer coisas por mim
Mas isso foi há muito tempo atrás
Eu estou no controle, nunca vou parar
Controle, para ter tudo o quero
Controle, eu gosto de ter muito disso
Controle, agora já estou bem crescido
Tenho opinião própria
E quero tomar minhas próprias decisões
E quanto ao que tenho que fazer da minha vida
Quero ser o primeiro a estar no controle
Como algumas pessoas sabem comecei esse ano a trilhar a
estrada do aprendizado universitário, mais especificamente no curso de
engenharia civil.Eu cheguei a um dos pontos cruciais da vida do ser humano: a
faculdade; aqui tudo muda [ou não], homens são separados dos meninos, a fase de
curtição acaba ou apenas começa, a maioridade chega, você pode ser preso, pode
ter o nome no SPC, pode viajar pra outros países sem os pais...Teoricamente nos
tornamos adultos.
Eu penso em todas essas coisas e vejo que reviravolta o
mundo deu. Eu me lembro de que quando estava na 4ª série e perguntava pra minha
mãe quantos anos faltavam pra mim “terminar a escola” e ela respondia SETE
ANOS, eu pensava que iria morre antes de terminar a escola. Eu invejava meus
primos que já estavam no ensino médio perto de terminar a tortura chamada
escola, olhava os cadernos deles e via aquele monte de letra e números sem
nenhuma gravura para colorir e ficava imaginando se um dia eu iria entender
aquilo. Pensava que meu objetivo de vida era terminar a escola e nada mais, eu
nem imaginava o que viria depois, muito menos me preocupava. Hoje em dia eu sou
o “primo mais velho” e invejo meus primos menores, abstraídos em aulas de artes
e recreios onde brincam com um bando de outras crianças; eles não estão
preocupados em achar uma forma de ganhar dinheiro para prover uma boa vida, não
carregam nem uma incerteza do amanha ou indecisão, a única coisa que os ameaça
são as mães querendo dar cascudos ou puxões de orelhas. Como sinto falta disso.
O futuro era totalmente abstrato sem planos compromissados,
com várias suposições e vontades [você pode ate sonhar em ser caixa de supermercado,
e daí?!], você não se preocupa, os pais pegam no seu pé mais você acha que eles
são chatos e pra ter “paz” faz um cursinho de informática ou inglês pra
deixa-los feliz. Mas então de repente você se encontra no terceiro ano, é tudo
ou nada, é o ultimo ano pra você curtir mas ao mesmo tempo é o ano que você
mais deve levar a sério.
É o ano que acaba as doces preocupações adolescentes e entra
a vida adulta. Você precisa optar por uma profissão, você precisa passar no
vestibular, você precisa arrumar um emprego, se movimentar, procurar algo que
acrescente, chegam os 18 anos e a vontade de ter um carro, morar sozinho... Mas
como fazer tudo isso sem nada? Os pais pagando tudo o resto da sua vida? [acho
que isso não é uma opção pra ninguém]. Como experiência própria, foi o ano mais
deturpado de todo minha vida, ganhei obrigações, deveres e responsabilidades de
uma hora pra outra, dei passos incertos que ate o presente momento não sei se é
o ideal, porem não posso voltar atrás agora, as oportunidade que tive não terei
mais, não da mesma forma com a mesma potencia, elas podem ressurgir porem vão
pedir algum grande sacrifício, como 1 ano de faculdade jogado fora ou a falta
de tempo pois o trabalho ocupa metade do seu dia.
Eu sempre achei que estava certo de minhas decisões e firme nas
minhas escolhas, até que o “futuro” chegou é me deu um soco na cara me deixando
atordoado e com medo dele. Sem saber se minha decisão foi a melhor ou se vou me
arrepender e sacrificar tempo/dinheiro com essa má decisão minha. O futuro
chega mais rápido do que imaginamos é ele não tem dó, ele não é carinhoso e
prestativo como o passado nem feliz e cheio de surpresas como o presente, ele
não tem dó, te joga contra a parede, te chama de otario, mostra pessoas que com
sua idade já conquistaram mais do que você poderia imaginar. Creio que por isso
a maioria dos adolescentes não se preocupam, apenas levam, o que varia do
caráter de cada um, mas como eu disse antes esse é o ano de separar homem de
meninos. Nos podemos escolher o que plantamos, porém não podemos escolher o que
colhemos. O que nos resta e respirar fundo e seguir em frente, não sabemos ao
certo o que o futuro nos reserva, mas podemos basea-lo em coisas boas e, claro,
aproveitando o presente da mesma forma.
~Harry